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quinta-feira, 16 de julho de 2009

Estes olhos

Estes olhos desumanos
de tão humana carência
são como palmas e dedos
em silêncios e toques

São ardentes olhos
em retoque de almas;

o medo quando, em segredo,
revela a sua morada.

Estes olhos humanos
de tão desumana desgraça
são como a covarde palavra
que na boca falta

e mente o pedido,
o lamento —
a espera de uma criança
por sobras e doces

os olhos que
lacrimejam fantasmas e tempos


são olhos de luz
de tão iluminado desejo

Semente
de tempo germinado
em quintais de antigos
donos.

Semente
lançada aos ventos

(seus olhares);
ao traço e trança e risco.

Aonde te lançares.
Nos alcances.

Lá onde não se revelam.
Velam à deriva. Aonde o vento leva.
Os olhares
semeando tempo.

E estes olhos de luz,
humanos,
de tão carente segredo?!