sua falsa fome
no peito de quem dorme,
uma selva:
"tornam-lhe os maus instintos
a alameda deserta"
(sua negra placa
de verbo-musgo)
- uma nesga
dessa floresta -
(sua fronteira)
sorvo tudo em sonho
e durmo
bem alto
um sono profundo.
Estatelado e mudo.
Levanto e
vejo claridade
e o despencar de
uma ave
num céu de chumbo.
E sua visão febril
e sua fome
- nomes que acalentam
enganos
e medos -
(seus túmulos)
e seu canto que obriga
um entrecortante grito
entre muros
e árvores
(férvido desejo)
uma vida assim andante
e o canto, e o grito
no alçapão
entre fomes e febres
aquele desejo que ferve
por não ser nunca atendido