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domingo, 9 de agosto de 2009

Capturando ondas

Enquanto espero
teu nome se desenhar na areia

sou onda que vagueia…
E esse movimento, essa dança
suave respinga em mim
um resquício de maresia,
uma sombra daqueles teus olhos de ressaca…

     Ou talvez fossem (as danças) cadências de músculos
dançando

     num espaço-salão sem luzes e
adormecido,

    cujo tempo emparedado me lança
    para uma fuga

(como se um relógio parado e firme na parede de uma
antiga casa convidasse sua amiga traça para um desfecho).






Sou então a cavalgada.
O passeio sem garupa. Um nada.
E teus olhos ateus novamente vagueiam seminus por sobre as ondas
e assumem, na palidez do ar, uma aparência de astro em mutação.
Assim te vejo tão sempre nunca retilínea
que pareces enfim voar por sobre as próprias asas

            Mas fazes então tanta questão de continuar a dança das
      bonecas
e o trocar de sandálias e o pentear dos fios

                            embaralhados de sono
     que não vejo outra escolha senão te desenhar

(teu nome)
na areia do mar.

Mesmo sendo eu onda.

domingo, 2 de agosto de 2009

Fios de luz

"dança para a música do tempo" - Nicolas Poussin



As nuvens da noite
já se dissipam

e o tempo agora é de espera

por trás da cortina,
há uma fita de luz
(e somos todos fios
e luz

estrelas que brilham
quanto maior a escuridão)

e a dança do tempo continua

seu ritmo lento e contínuo
faz das horas passageiras viagens


e o caminho é de círculos...

E os sinais nos convidam para uma dança.
Em círculo nos somamos e de mãos
dadas dançamos
à procura do próximo passo.

É sempre outra dança.

A antiga música vestida de novos arranjos.

E os anjos com suas harpas
sopram aos ouvidos nossos
um vento frio e dizeres
zelosos.

"Somos todos fios
e luz.

Estrelas que brilham
quanto maior a escuridão".