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quinta-feira, 10 de novembro de 2011

Dez de novembro

Para Erinha Ribeiro


Hoje o dia
é de luz;

de cores e data
definidas.

Outrora surgira
do ventre
a vida —
agora presente
em data comemorativa.

Esta de hoje, menina,
mulher já foi um dia
em berço acordada.

Buscava seu espaço
a cada acalanto;

e a cada ano que se seguia,
ela, menina, ia se espaçando,
como quem se espreguiça
em alvorada.

Até o dia em que
surgira ao longe
um novo canto.

Era o de uma nova vida:
a dois — repartida.

E repartir (ela descobre)
exige rotina.

Exige das retinas
atenção dividida.

Então ela
percebe o quanto
é bom ser amada
em vida.

terça-feira, 8 de novembro de 2011

ventilando poesia

ventilando
  a verve
forjada


o poeta
   finge


a poesia
   falsa


os dizeres
são agora
os de dentro


estão ocultos
sob a pele das palavras


mas não há calma


há verbos de violência força
musculando fuga


topar o torpor esquecido


correr o salto, o risco


sacudir
a quietude dos dias


ventilando poesia