Para Roni
"Somos então
poetas".
Assim disse o poeta
quando defronte
de um tema ravélico pensou plagiá-lo.
Como um bolero de comparsas.
Um sopro orgânico na boêmia dos jardins noturnos.
Assim o plagiaremos.
Um bolero épico
no canto dos pássaros que agora
revigoram o dia.
Que agora saboreiam
o momento de campear nova trilha. A dois.
E em revoada.
Até que assim, ao som de flautins embriagados,
e encaixados na claridade percursiva
de fadas enamoradas,
o lamento emudecido dê
lugar ao esmero
trabalho que há no canto dos pássaros.
Ao louvarem o dia em sua sempre
luminosidade rara.
Um bolero
em dança uniforme e
contagiosa.
Mas plagiado em seus trajes,
se descobre valsa.
E ao recuar sua dança,
ao retardar sua fala,
pede furtivamente aos da sala que não tolerem
farsas. Que dancem a dança
da então Valsa.
"Somos então poetas,
meu caro".
Dancemos a valsa.
segunda-feira, 5 de outubro de 2009
sexta-feira, 2 de outubro de 2009
última cena
a Tazio Zambi
o erro na última cena
o erro na última cena
o xeque
e a cara do guri arrematada de fome
este espasmo
lúdico no ato
involuntário de atirar-se da tela
um rosto de criança
uma palavra subterrânea
e um desejo abaixo da pele
tudo isso não revele
o pulsar no peito
a palidez da esperança
a mão que esconde a bola de gude
e o esguio olhar de fora
da tela
na última cena
no arremate
no limiar do disfarce
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