sua falsa fome
no peito de quem dorme,
uma selva:
"tornam-lhe os maus instintos
a alameda deserta"
(sua negra placa
de verbo-musgo)
- uma nesga
dessa floresta -
(sua fronteira)
sorvo tudo em sonho
e durmo
bem alto
um sono profundo.
Estatelado e mudo.
Levanto e
vejo claridade
e o despencar de
uma ave
num céu de chumbo.
E sua visão febril
e sua fome
- nomes que acalentam
enganos
e medos -
(seus túmulos)
e seu canto que obriga
um entrecortante grito
entre muros
e árvores
(férvido desejo)
uma vida assim andante
e o canto, e o grito
no alçapão
entre fomes e febres
aquele desejo que ferve
por não ser nunca atendido
2 comentários:
"aquele desejo que ferve
por não ser nunca atendido"
Esses versos resumem meu estado de espírito nesse momento, como aliás todo o poema. Vai ser difícil apagá-los de minha cabeça.
(minha visão febril e minha fome
tem hoje um só nome)
Valeu, Bárbara.
Mesmo tendo sido num momento delicado de sua vida (espero que já superado), a leitura que você fez deste poema, e sobretudo, o efeito que você diz ter sentido por causa dele, isso tudo me deixa bastante envaidecido. Afinal, é a poesia, seus versos, "tocando" a alma das pessoas, ainda mais a de alguém como você. Não quero parecer narcisista, mas isso realmente é muito importante pra mim enquanto poeta.
Valeu, OBRIGADO.
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