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domingo, 8 de fevereiro de 2009

Um sorriso

Era um sorriso:
rápido festim.

Um vestido pendurado num prego,
ali despido
deixando brotar, de seu tecido,
botões cegos de primaveras outras.

Serpente enroscando sonhos,
o sorriso,
correndo solto sob lentes desconexas,
postava-se como o sexo dormido
de um elefante sobre a lama.

Mas era um sorriso.

Um de águas turvas
e memórias
dissipadas em cores náufragas.

Sorriso e saudades fósseis.

Despencando rios.
E sendo fonte.

Um sorriso árido.
De ferrugens
e parcas fomes.

Sorriso de cavalgadas.

Sorriso de porte rubro.

Um sorriso
cavalgando túnel.

Luzes e fuga
para um inefável
gracejo de adeus e
túmulos de dentes.

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