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sábado, 11 de setembro de 2010

Ramus

Nos ramos,
os nossos lírios
e rosas,


as rezas
e relvas
que nos habitam
os terrenos mais
baldios.

Ao pé daquela que dorme,
tantas vezes
deixei-me adormecer
ouvindo estórias
compridas que não acabam mais.


E nos ramos de hoje,
os domingos de sóis


(um pouco de nós).


Nos ramos,
também as gotas
da minúscula chuva
(plagiando orvalhos).

 Em nossos quintais,
uns sonhos
voaram sem rumo,
estão sonâmbulos,
presos em cristais;


outros deslizam
entre os dedos
e se deixam escorrer
entre os ramos,


voam para o longe.
Mas, quando querem,
voltam aos nossos
umbrais
o mais depressa
que conseguem.




Ao pé desta que chora,
me vejo ofertando flores;
me espelho em seus líquidos amores
e sou de sua voz
um fiel mensageiro.


E nos ramos antigos,
os nossos recentes vãos;

as cantigas:
nossas voltas e idas;

os salmos:
cânticos serenos;


os filhos e a fina matéria:
tão pura e cristalina

quanto a memória
desta que a todos ilumina.



Ao pé daquela que dorme,
andei por vezes cabisbaixo,
esperando que me trouxessem
aquele algo morno e ingênuo
que vai ficando no caminho.
(E sua beleza).


Mas sei que um dia andarei sozinho
esperando
as minhas rosas
e lírios;
as rezas, as horas sobre a mesa
e os Ramos
desta ida que também 
é volta.

3 comentários:

Erinha disse...

ela está em paz.

Naiara Misa disse...

Que bonito moço, que ela descanse em paz.

Bruno Ribeiro disse...

Obrigado, Erinha e Naiara.
Pela força e consideração.

Eis que a poesia ressurge. E quem disse que ela não alivia?!

Este poema é muito mais uma singela declaração de afeto, carinho e respeito que sinto pela figura de D. Edith Ramos Ribeiro.

E sim, sabemos que todos nós estamos bem! Saúdo à vida!