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quarta-feira, 18 de fevereiro de 2009

Deve ser



Deve ser o calor.
Esse calor de inferno
fevereiro. Todo suor.
De trabalho e desvarios turvos.

Este calor que impede verso,
e que desliza nos corpos intenso pavor
e morte. Este calor, esta sede.

Esta necessidade de árvores
e água.
Esta farda surrada.
A fome de sempre.

Este calor não impedirá
meu tempo.

Meu tempo de hoje. Meu tempo de quando.

Meu tempo de sombrinhas
e carnaval.

2 comentários:

Bárbara disse...

O mesmo calor que nos agonia o corpo, liberta a alma.

Bruno Ribeiro disse...

É isso, Bárbara. Ou talvez.

Neste caso, sinto que preciso deixar aqui uma nota:


Este blog nasceu com a ideia de ter um espaço para meus poemas, um laboratório de poesia. Um lugar para amadurecerem os versos. Um rascunho do livro em gestação.

Lendo os comentários publicados por aqui, ou ouvindo outros pessoalmente, de amigos, colegas e desconhecidos, vim percebendo que o livro está ganhando forma e cor.

No entanto, este mês de fevereiro tem sido o mais difícil de todos em termos de produção. Seja por conta do trabalho (poeta tem que trabalhar), seja por falta de dedicação (talvez) ou por conta deste calor infernal. "Deve ser".

Mas eis que surge o carnaval e seu calor para aliviar o calor da alma.

Agradeço muito a ti, Bárbara, pelas constantes visitas.

Obrigado.