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quarta-feira, 16 de dezembro de 2009

um sopro quente rente ao pescoço nu

Atendi ao pedido
árido
    de sua voz

          e saltei por
sobre meus ombros
(e sua voz e sua voz e sua voz...)



mas antes
     havia ainda o passo a persistir
na caminhada



havia o conforto
dos dias
        o trabalho


  o lar


(mas a sua voz...)
   a lasca
 o casulo
os cascos vermelhos e subcutâneos

  profonados aos olhos
ali situados
no distante - de partida



mas quente e bem guardado o lamento
     os laços
 se dissolvendo
por dentro



(tempo tempo tempo e temíveis deslizamentos)



sinto que algo
escorre placidamente
pelos dedos de minhas mãos já sem força



(e sua voz sua voz
há tempos
assim pelas mãos escorrendo)


o brio
        da maciez
o furto trago do veneno amargo
e o chamado:


é tempo
     estamos em torrentes
              - declives - 
e quente o sopro rente ao pescoço nu


então
cabelos soltos
salto
   por sobre os
           ombros


e enfim encontro
(do alto da torre)
a lua
     o mar
          as folhas do outono.

2 comentários:

Naiara Misa disse...

Nossa moço, adorei essa "partitura poética", se é que posso chamar assim.hehe.Parabéns, escreve muito bem..

Bruno Ribeiro disse...

Valeu, Naiara. Bom te "ver" por aqui. Continue visitando este espaço que está sempre em construção.
Obrigado. Beijos.