eis o palhaço de olhos borrados
de sorriso e lábios amarelos
de cores e lembranças
de palavras que saem trôpegas
quando sorrindo abre a boca
e engole o sorriso das crianças
eis o palhaço de olhos vermelhos
de sorriso armado e nariz pontudo
de segredos embutidos no espelho
eis o palhaço de olhos engraçados
atirando risos ao público
(extasiado e mudo -
que não percebe o risco de seu fado)
tudo o que lhe resta agora
que não percebe o risco de seu fado)
tudo o que lhe resta agora
neste camarim empoeirado
é um retrato esquecido no bolso
imagem-estanque que lhe abre portas
sempre emolduradas na estante
trancafiadas em memórias
o palhaço de olhos borrados
eis aqui o homem que chora

(The clown - Georges Rouault - 1871-1958)
Nenhum comentário:
Postar um comentário