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segunda-feira, 8 de dezembro de 2008

Lousar

ouso agora tocar o poema inacabado
sem a demora do depois
sem a espera de um verso inconcluso
que beire sempre a outra margem

(a obscura
e ínfima
de lâmina

curva
que
recorta
e espalha
seus sons

e dogmas
em páginas
reviradas)

ouso assim tocar a pele espessa do poema
e rugosa
pois se tocada
sua forma revigora

sua forma
se estende afora o mar
e orna seus presentes
quilômetros

distantes
lá onde
ouve-se o mar

e se tocados o pano e a linha
tesouros
cortarão caminhos
entre sombras e silêncios
no canto das palavras
já no sem dizer… (palavra)

mas se sobre a mesa
a outra página
da margem esquecida
se envaidece
e lacrimeja
abre-lhe outra ferida

um verso já sem começo
qualquer coisa já sem vida

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