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segunda-feira, 1 de dezembro de 2008

Minha casa

eis que me vejo no afago
na casa repartida
em tralhas poeiras e assentos

eis que me contento
quando me vejo
outro
em toda a casa

(pele sobre a ferida)



eis que assim me vejo

e não suporto o peso
nos ombros
quanto teimo
casa sem dono
casa carcomida
ferrugem
fuligem
e sopro

mas eis que também me convido

abrigo
quarto aquecido
tempo de rever lembranças

casa de sempre
casa de balanço e rede
que se deixa dormir
como esquecida

casa que me tira o peso
dos olhos turvos

e dos ombros largos

casa que me vejo
rotundo e calmo
quando enfim me lembro
da casa-retrato

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