Quero antes o toque;
a sutileza cambaleante do tato.
Quero a pele, os poros.
Quero-me sentir refeito.
Quero agora o choque.
Quero que haja conflito.
Quero a parte que me vem aos poucos;
gota a gota o suor do corpo.
A crueza de mãos se tocando,
enquanto nada é dito.
Enquanto tudo é feito,
silêncio e suspiro.
Quero antes o agora,
o instante que se demora
No exato momento em que muito houve
na lenta passagem das horas.
Quero assim o fechar dos olhos.
A marca nas costas e na alma.
Quero a palma na pele e o arrepio.
O mamilo eriçado,
a boca tremulante
e os pêlos como pavio.
Quero agora o depois.
O olhar entreaberto,
o respiro mais discreto,
a página outra vez em branco.
O sono que vem chegando,
a canseira que se vai.
Quero agora que me vá
o medo errante
o tempo inconstante,
a coisa sem lugar.
Quero antes a virada,
a aurora, a madrugada.
Quero enovelar-me a ti
e quero estar vestido.
Mais nada.
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Um comentário:
esse foi o melhor...hihi!
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