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quarta-feira, 26 de novembro de 2008

Quero antes o agora

Quero antes o toque;
a sutileza cambaleante do tato.

Quero a pele, os poros.
Quero-me sentir refeito.

Quero agora o choque.
Quero que haja conflito.

Quero a parte que me vem aos poucos;
gota a gota o suor do corpo.

A crueza de mãos se tocando,
enquanto nada é dito.

Enquanto tudo é feito,
silêncio e suspiro.

Quero antes o agora,
o instante que se demora

No exato momento em que muito houve
na lenta passagem das horas.

Quero assim o fechar dos olhos.
A marca nas costas e na alma.

Quero a palma na pele e o arrepio.
O mamilo eriçado,

a boca tremulante
e os pêlos como pavio.

Quero agora o depois.
O olhar entreaberto,

o respiro mais discreto,
a página outra vez em branco.

O sono que vem chegando,
a canseira que se vai.

Quero agora que me vá
o medo errante

o tempo inconstante,
a coisa sem lugar.


Quero antes a virada,
a aurora, a madrugada.

Quero enovelar-me a ti
e quero estar vestido.

Mais nada.

Um comentário:

Unknown disse...

esse foi o melhor...hihi!